A síndrome do túnel do carpo é uma neuropatia compressiva de um nervo que se chama mediano. Ele está localizado na região do pulso e passa pelo canal carpiano, muito estreito. Às vezes, afeta primeiro uma das mãos, mas a doença é sempre bilateral, acometendo ambas.
O nervo mediano entra pela palma da mão e se ramifica, enervando-se pelos dedos polegar, indicador, médio e parte do anular. Junto com ele, passam nove tendões pelo canal carpiano, responsáveis pela flexão dos dedos (cada vez que a mão é fechada, por exemplo, são eles entrando em ação).
Essa compressão que leva à síndrome não tem causa definida em mais de 90% dos casos. Os principais sintomas são dor, dormência e formigamento. Também podem aparecer choque e perda da destreza das mãos.
Em uma pequena porcentagem, há fatores relacionados, como doenças reumáticas (artrite reumatoide, gota), diabetes e hipotireoidismo. Ganho de peso e pulsos mais gordinhos também são fatores relacionados - se o pulso for mais fino, a chance de ter o mal diminui.
A síndrome pode estar ligada a algumas atividades ocupacionais, como quebrar concreto e ordenhar vacas, em que há vibração e flexão. Quando os sintomas aparecem, podem ser piorados com o trabalho, mas a atividade laboral não causa o problema.
O diagnóstico é feito por exames como a eletroneuromiografia - estímulos na região do pulso até o dedo para testar a condução nervosa do território - e ultrassonografia.
No Brasil, 85% dos pacientes com síndrome do túnel do carpo são mulheres. As causas para isso não são conhecidas. O quadro pode aparecer também durante a gravidez e sumir depois.
A doença começa a aparecer dos 25 aos 30 anos, mas o pico é aos 50.
Em 5% dos casos, o nervo atrofia. Não significa perda dos movimentos, mas o desconforto pode ser grande.
A diminuição da sensibilidade nos dedos não se estende ao dedo mínimo e ao dorso das mãos, chegando até a palma. Associada à fraqueza nas mãos, pode provocar dificuldade de amarrar os sapatos, abotoar uma camisa e pegar objetos. A dor pode irradiar para o braço e até para o ombro.
São três fases da doença:
- Fase 1 - A pessoa acorda durante a noite com as mãos formigando, doendo ou dormentes. Chacoalha um pouco as mãos e o desconforto vai embora.
- Fase 2 - O paciente começa a sentir os sintomas também durante o dia, fazendo atividades como segurar por muito tempo o volante do carro, a mangueira de jardinagem e o mouse do computador. Se ele coloca as mãos em outra posição, o desconforto some.
- Fase 3 - Os sintomas são contínuos e não desaparecem mais com o chacoalhar das mãos.
O tratamento pode ser feito com remédios e fisioterapia. Em alguns casos, uma tala que vai da base dos dedos até o antebraço pode ser usada, imobilizando a mão e impedindo que a pessoa piore o desconforto durante o sono, dormindo em uma posição que cause estresse ao nervo.
Nos casos mais extremos, a indicação é de cirurgia. O corte é na palma da mão, de um centímetro e meio. Corta-se um dos ligamentos do carpo, aquele que recobre o túnel, e a pressão é aliviada. A operação pode ser feita com profissionais de várias especialidades médicas: neurocirurgião, cirurgião plástico, ortopedista e cirurgião vascular.