- Friday, 22 de February
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Indefensável no cargo desde o vazamento do áudio da conversa em que prevaricou ao ouvir e aceitar a confissão de crimes descritos pelo empresário Joesley Batista, o presidente Michel Temer (PMDB) vê o apoio ao seu governo minguar em alta velocidade. A debandada do PSDB, defendida por importantes lideranças tucanas, só complica ainda mais a situação de Temer, que aos poucos perde o poder de governabilidade e se aproxima da categoria dos zumbis. Justamente no momento em que a Câmara dos Deputados analisa se aceita denúncia do procurador-geral da República, Rodrigo Janot, e libera o Supremo Tribunal Federal (STF) para julgá-lo pelo crime de corrupção passiva.
Temer pode até se safar - dessa ou de outras denúncias de Janot - ainda no âmbito da Câmara, caso as acusações não convençam pelo menos 342 dos 543 deputados. Mesmo depois disso, ele tem chance de se livrar no âmbito da própria Suprema Corte, que pode não acolher a denúncia. Se acolher, o presidente vira réu e é afastado inicialmente por 180 dias, sendo substituído interinamente pelo presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ). Se condenado, deixa o cargo em definitivo e o substituto será definido em eleição indireta pelo Congresso. Se renunciasse, Temer faria um favor ao País e restringiria todo esse trâmite a 30 dias.
Se é que existe algum lado bom em meio a esse imbróglio todo é o fato de que a economia dá claros sinais de descolamento da figura presidencial. Nesse aspecto, observa-se um ambiente favorável para a manutenção do plano de trabalho comandado pelo ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, um nome bem absorvido pelo mercado. Ainda que eventual substituto de Temer mexa no comando da equipe econômica, seria uma grande irresponsabilidade, por exemplo, alterar a rota traçada para as reformas trabalhista e previdenciária, além de medidas que, bem ou mal, nos últimos meses proporcionaram sobrevida à economia, com controle inflacionário, queda de juros e ligeira recuperação do emprego.
Pouco a pouco, Temer perde espaço até mesmo no discurso daqueles que o defendiam - não por ele, mas pelo País - sob a alegação de que só com a sua manutenção as reformas poderiam continuar avançando no Congresso. O Brasil é muito maior que isso. O País não precisa pagar esse preço. A sociedade não pode aceitar a presença de uma figura que sequer consegue respeitar a liturgia do cargo de presidente da República, a exemplo da antecessora Dilma Rousseff (PT) e de outras celebridades políticas acostumadas a se lambuzar com o dinheiro público e ainda fazer pose de vítima.
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